
Tem filmes que a gente vai protelando, protelando, protelando e quando finalmente paramos pra ver, nos sentimos meio idiotas por ter esperado tanto. É o caso de ‘A Outra Terra’, filme que estava na minha lista desde seu lançamento e que só agora tomei vergonha na cara pra assistir. Antes tarde do que nunca.
Na noite em que a humanidade descobre a existência de um planeta idêntico a Terra que está bem perto do nosso, a jovem e promissora estudante Rhoda Williams (Brit Marling), distraída, se envolve em um terrível acidente de carro. Nele ela acaba matando a esposa grávida e o filho pequeno de John Burroughs (William Mapother), que fica em coma por dois anos. Quatro anos depois, quando Rodha sai da prisão, descobrimos que a outra Terra, ou Terra 2, é uma versão espelhada do nosso planeta, onde existe uma outra versão de cada um de nós. Na busca por um recomeço, Rhonda resolve se inscrever em um concurso para tripular a primeira expedição ao planeta gêmeo, mas não sem antes tentar reparar ou se desculpar por seus erros cometidos aqui.
Apesar dessa embalagem sci-fi, o filme é um drama com d maiúsculo. O que vemos aqui é uma mulher que se sente sufocada pela culpa e por um desejo inalcançável de reparar ou apagar o seu trágico passado. Essa ânsia é o que a faz procurar o sobrevivente do acidente, John Burroughs, na intenção de se desculpar. Um homem desolado por uma tragédia que o fez mergulhar em depressão. Após acordar de um coma de dois anos e perceber que não tinha mais família, John chafurdou em uma espiral de autodestruição e isolamento que só fora quebrada pela chegada de Rhonda.
O roteiro escrito pela própria Marling em parceria com o diretor Mike Cahill, trabalha de maneira competente e tocante temas como segundas chances, perdão, culpa e redenção, além de investigar como esses fatores influenciam e direcionam o convívio humano dentro da sociedade. A dupla de protagonistas dá um show, especialmente Marling, que transparece toda a inquietude emocional de sua personagem com muita destreza. Talvez o ponto fraco seja o trabalho do próprio diretor, a câmera parece atabalhoada e alguns closes e zooms soam totalmente fora de tempo. Sem falar na saturada estética padrão de filme indie americano.
Enfim, ‘A Outra Terra’ é um filme intenso e relevante, que tem um cheiro de ficção cientifica, mas se revela um dramalhão (no melhor sentido da palavra). Conta com um final impactante e ainda mais rico em significado. Excelente pedida.
Pingback: Crítica: A seita misteriosa (Sound of my Voice - 2011) - TaxiCafé()
Pingback: The OA nos mostra por quem os sinos dobram - TaxiCafé()